5 anos velejando no Mediterrâneo!

Parte I – Croácia, Montenegro e Grécia (março a novembro/2018)
Muito bom recordar nossos planos e nossa determinação em deixar o Brasil, já havíamos morado a bordo por dois anos na região entre Angra e Paraty quando vendemos nosso veleiro no Brasil, alugamos nosso apartamento e resolvemos comprar nosso barco fora e seguir viagem. No dia 21 de março de 2018, embarcamos levando 4 bagagens de 23 Kilos e muitos sonhos de navegar em outros mares. O Renato havia selecionado, via internet, uns cinco barcos para visitarmos, todos com a mesma corretora e logo que vimos a Pharea (aqui as embarcações são tratadas no feminino) nasceu o sentimento de ser o barco certo para nós.

Desembarcamos em Split, na Croácia, até então um país desconhecido para nós mas com grande oferta de barcos, o que foi decisivo, pois inicialmente compraríamos o barco no Caribe, porém com o furacão Irmã, o mundo náutico ficou arrasado por lá. O veleiro estava em Rijeka, no norte e assim locamos um carro e rodamos com ele do Sul para o norte do país, onde o Renato fez a negociação e providenciou toda a papelada do barco, registro do rádio VHF, instalou mais alguns equipamentos, providenciou a targa da popa e as placas solares, aferiu a bússola e em menos de 2 meses da nossa chegada o barco ficou pronto. Nossa primeira velejada foi com os queridos amigos Padua e Lili, que nos visitaram e trouxeram a Bella, nossa yorkshire, que estava com eles no Brasil, aguardando o passaporte animal.

Navegamos até a ilha de Cres e sentimos que o barco estava pronto para nos lançarmos ao mar. Aproveitamos a companhia deles e saímos também de carro pelo norte da Croácia, passamos na fronteira com a Eslovénia e fomos para a Itália, visitamos Trieste, Veneza e descemos até Florença, a viagem foi muito bacana e a companhia maravilhosa.

Estávamos em maio quase prontos para partir e no dia 18 começamos nossa aventura, soltamos as amarras e descemos toda a costa da Croácia, saindo de Rijeka ao norte, passando por cidades como Zadar, Dubrovunik e inúmeros outros lugares de tirar o fôlego, muitas ilhas com infraestrutura excepcional, castelos medievais, cidades antigas e milhares de igrejas por todos os lados. Há uma rede de Marinas que cobrem toda a costa, com excelente infraestrutura para atender a demanda de milhares de barcos de charter, que ficam parados durante o inverno e retomam às atividades com a chegada dos turistas no verão. No país a maioria das pessoas fala o italiano e o inglês, além de croata, mas para nós as primeiras idas ao supermercado foram difíceis, as embalagens só em croata e nem sempre a tradução dos rótulos é fiel. Nos chamou a atenção o preparo das carnes, são expostas sem nenhum sangue ou gordura, são super limpas e todas têm praticamente a mesma cor rosada, sendo que as vezes eu tinha dificuldade em distinguir se era carne de porco, de carneiro, etc… Algo que observei nas ruas foi como a média da estatura deles é mais alta que a nossa. Dos países que conheci até agora, o mais belo ainda é a Croácia e mesmo vivendo lá por 3 meses, se houver oportunidade, com certeza voltaremos.

Continuamos descendo o Mar Adriático e o próximo destino foi Montenegro, chegamos em meados de junho naquele pequeno país que assim como a Croácia, foi desmembrado da antiga Iugoslávia.

Ficamos a maior parte do tempo em Kotor e proximidades, aproveitando o verão, nos movíamos conforme a direção da entrada dos ventos e em terra fazíamos longas caminhadas nas altas montanhas e lá sem dúvida encontramos as montanhas mais imponentes que já vimos, nossa ancoragem era num fiorde em frente à antiga cidade fortificada de Kotor, um lugar único e muito especial que preserva as características ruelas estreitas, casas de dois pavimentos com roupas penduradas na sacada e muitos, muitos gatos em todos os lugares, havendo inclusive um Museu dedicado a eles.

Estávamos de olho no calendário, o que quase nunca ocorre, pois geralmente nos desligamos dele, mas tínhamos visitas chegando e nos encontraríamos na Grécia, em Athenas.

Levantamos ancora de Montenegro em final de agosto, descemos passando pela costa da Albânia, mas não paramos e chegamos na primeira cidade da Grécia, Corfu, onde o Renato fez nossa entrada. Uma grande e linda cidade, cheia de calçadões com inúmeros cafés e uma boa baia para ancoragem. Passamos por muitas ancoragens maravilhosas, pequenas e lindas cidades e às vezes ilhas desabitadas quando estávamos rumando para o Canal do Corinto, uma obra espetacular, daquelas que conhecemos nos livros escolares.

E se não bastasse tanta descoberta e emoção, chegamos em Athenas, o berço da civilização e lá visitamos a Acrópole e as demais ruínas da cidade antiga e encontramos meu irmão Ilson, minha cunhada Stela e os amigos Simone e Pedron, todos marinheiros de primeira viagem mas que se saíram super bem a bordo, mesmo quando o vento chegou e o mar cresceu.

Com eles fomos para o Golfo Sarônico e ficamos em Aegina, terra dos pistaches, seguimos para Kythnos onde assistimos um casamento grego na praça da cidade, com direito a quebra de pratos, depois Mikonos, uma das praias mais famosas do mundo e fomos surpreendidos pela formação do ciclone Zorba, com ventos de mais de 160 quilômetros por hora, que felizmente perdeu força ao se aproximar e assim pela primeira vez saímos do barco e fomos os três para um hotel próximo, deixamos o barco preparado para o vento que chegaria e nos recolhemos. Houve bastante estrago por onde o vento passou e até os ferry boats gigantes daqui suspenderam as travessias.

De Mikonos começamos a retornar, paramos para pernoitar em algumas ilhas e chegamos novamente em Aegina para receber o amigo Flávio a bordo. Com ele rumamos para Methana, onde fizemos uma longa caminhada até o antigo vulcão, depois seguimos para Poros, uma outra cidade que adorei, com um pier imenso e bares, lojas e restaurante ao longo do calçadão.

Ancoramos também em Hydra, uma baía fechada construindo um cenário perfeito, com uma Marina em frente à pequena cidade e muitas opções para turistas gastarem em lojas e restaurantes. Nesta pequena cidade não há carros, somente burricos utilizados para transporte de mercadorias e passeios turísticos. Seguimos navegando até a Ilha Moni e ao jogar ancora fomos surpreendidos ao ver cervos e pavões andando soltos pela ilha, descemos e caminhamos para vê-los de perto, adoráveis!

Navegar na Grécia requer muita atenção pois há muita ocorrência do Meltemi, um vento bastante forte que nos pegou várias vezes nos três meses que navegamos por lá. Um ponto super positivo a destacar são as marinas públicas, que fornecem água e energia e o pagamento é diário com valor bem acessível e o fato de que praticamente todas as cidades oferecem pier para atracar o dingue, o que facilita muito a saída do barco quando não se está na Marina. Observamos que a população das cidades por onde passamos é mais idosa, de estatura mais baixa e muitos conservam o hábito de usar o terço grego, ou kombolói levado entre as mãos para orar durante a caminhada. A comida é gostosa, frutos do mar, muitos vegetais e os lanches rápidos, chamados “pita-giros” feitos com o pão pita (redondo chapado), recheado com verduras, molho e carne assada. O azeite de oliva é bom, é claro, mas geralmente não é posto à mesa e alguns restaurantes dispõem de um pequeno sachê, como os usados para maionese e ketchup. A bebida tradicional é o Uzo ou Ouzo, produzida a base de anis, transparente e incolor que adquire um aspecto leitoso ao ser servida diluída em água. Estávamos em novembro e era hora de retornarmos ao Canal do Corinto, subir até Corfu para fazer nossa saída da Grécia em Corfu, mesmo porto em que chegamos.

Namastê 🙏🏻🇹🇷

22 de março de 2023. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Marmaris, Turquia. 🇹🇷

Sobre Sailing Vessel Pharea

Eu, meu marido Renato Teixeira e a Bella, nossa Yorkshire, moramos a bordo e estamos conhecendo muitos lugares dando volta ao mundo em um veleiro. Namastê 🙏🏼
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