Espinalonga, uma história para não se repetir, Creta 🇬🇷

Após conhecermos Ágios Nikolaos e desfrutarmos da cidade, levantamos ancora e rumamos para Elounda, a próxima cidade na Ilha de Creta e assim ficamos abrigados do swel que estava balançando muito o barco.

Uma linda baía, com uma longa avenida à beira mar, entrecortada por bares, restaurantes e lojas de souvenirs.

Andamos por toda a sua extensão e fizemos uma trilha, com algumas ruínas pelo caminho e chegamos a pé no lado oposto de onde estávamos ancorados e apreciamos uma vista bem bonita da baía.

Também exploramos as ruas da cidade na companhia dos amigos do SV Tartuga e tivemos um adorável jantar de despedida da Ana e do Duchan, novos amigos da Eslováquia que deixaram saudade.

Em nosso último dia na cidade, percorremos alguns lugares de carro, junto com os amigos do SV Tartuga e vimos cenários paradisíacos, praias belíssimas de areia clara e mar azul, adoramos rodar com eles e conhecer um pouco mais de Creta.

Mas a relevante história deste lugar diz respeito à Ilha de Espinalonga, que passamos por ela ao entrarmos na baía. Essa ilha, hoje aberta à visitação, possui várias habitações, é toda fortificada e possui um passado sombrio. A começar que nem sempre fôra uma ilha. Os venezianos, em 1526, destruíram parte da península de Elounda para criá-la e a fortificaram para salvaguardar o Porto primeiramente, depois os ataques de piratas e dos turcos e em 1903, tornou-se uma comunidade de leprosos, atingindo um número de cerca de 400 habitantes, chegando a mil durante o surto da doença.

A Hanseníase, como também é conhecida, é uma infecção bacteriana que afeta os nervos, o trato respiratório, a pele, os olhos do paciente e causa deformação, especialmente no rosto e membros. Apesar da lepra em si não ser letal, ela pode em última análise, causar a morte devido a somatória de outros fatores. No início do século 19, pouco se sabia a respeito e muitos equívocos foram cometidos, acreditava-se que era hereditaria, logo ficou provado ser infecciosa, e os pacientes vindos de toda a Grécia, foram imediatamente enviados para isolamento na ilha Espinalonga, que à época, não tinha infra-estrutura e condições adequadas de higiene, as pessoas eram enviadas lá para esperar pela morte. Aponta-se que mesmo os médicos não tinham um conhecimento profundo sobre a doença e em decorrência disso, muitas pessoas eram diagnosticadas erroneamente e mantidas presas de Espinalonga. Só em março de 1936, com a chegada de Epaminondas Remountakis, um jovem estudante também diagnosticado com lepra, as coisas começaram a evoluir a partir da criação da Irmandade do Doente de Espinalonga, com objetivo de melhorar as condições de vida na Ilha. Ruas foram abertas, as casas foram caiadas pela primeira vez, foi criado um serviço público de limpeza e também foi construído um teatro, depois houve a doação de um gerador e música clássica podia ser ouvida pelas ruas e com isso a chegada da energia elétrica iluminando as ruas. O número de pacientes na ilha começou a diminuir em 1948 devido a descoberta dos primeiros remédios contra a lepra, em 1957 os últimos pacientes foram transferidos para um hospital em Atenas e o ultimo habitante deixou a ilha em 1962. Livros e filmes retratam este período e hoje é o segundo mais visitado sítio arqueológico de Creta. Consta que na entrada da ilha, uma inscrição recomenda que você não deixe a esperança para trás, enquanto na entrada do cemitério, uma pequena placa pede respeito pelas almas que nunca conseguiram escapar de Espinalonga. Nas palavras de Remountakis, “Andando nas ruas de Espinalonga, pare e segure a respiração, você vai ouvir o eco de uma mãe ferida, de uma irmã, ou o suspiro de um homem, deixe as lágrimas gotejarem de seus olhos, e você vai testemunhar o brilho de milhões de lágrimas que regaram esta estrada antes de você estar aqui …”

A história tem essa capacidade incrível de nos informar e nos sensibilizar, as vezes muito positivamente e em outras nos fazendo conhecer tempos mais difíceis e por vezes cruéis.

Namastê 🙏🏻

15 de maio de 2023. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Creta, Grécia 🇬🇷

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Chegamos em Creta, Grécia 🇬🇷

Nos preparamos para uma navegada de 20 horas, o Renato abasteceu e checou tudo no barco, eu acomodei tudo que poderia se mover durante o deslocamento, preparei nossa comida e voilá!

Levantamos âncora ao meio dia, previsão favorável com vento moderado, combinamos fazer turnos de 2 horas durante a tarde e depois turnos de 3 horas durante a noite… e é obvio que o Renato ficou com a maior parte durante a noite.

Meus turnos foram das 6 às 9 e da meia noite até às tres da manhã. Quando iniciei meu turno a meia noite, estava bem escuro e foi maravilhoso ver a água brilhando em função da bioluminescencia, a água movimentada pelo barco em seu deslocamento e as luzes de navegação fazem brilhar as algas na superfície do mar. Isso durou uma hora, depois a lua nasceu alaranjada e iluminou o mar, sem terra a vista só o reflexo da lua no mar, no radar somente um barco cruzou próximo ao nosso rumo. Comentei com o Renato como é incrível nos deslocarmos por tantas horas sem encontrar outros barcos…

Depois o Renato começou seu turno e o vento chegou, abriu as velas, desligou o motor e seguiu livre e veloz ao sabor do vento. Depois de um inverno inteiro sem velejar, foi como um presente para ele!

Eu e a Bella dormimos profundamente, sem barulho do motor, só o balanço compassado da Pharea seguindo seu rumo. As sete da manhã quando cheguei no cockpit pude ver no semblante do Renato a alegria de estar com as velas ao vento seguindo com a força do vento!

As 08 horas chegamos em Agios Nikolaos, Creta e não vimos nada que nos lembrasse das outras ilhas gregas que já passamos, parecia mais com os arredores de Atenas, prédios pequenos de cinco andares, nenhum padrão de identidade, como há nas ilhas Ciclades ou do Dodecaneso, parecia mais com uma cidade normal.

Depois da ancoragem em frente a cidade saímos para conhecer a cidade e seus pontos turístico.

O centro é bem agitado, muitos turistas e vimos um navio de cruzeiro que ancorou ao mesmo tempo que a gente, trazendo centenas de turistas.

A cidade tem um lago em seu interior com restaurantes no entorno, uma rua com calçadão com muita coisa bonita para ver e comprar, andamos pela marina e num primeiro momentos a achamos tão simples e logo nos demos conta que estávamos comparando com as marinas da Turquia, que tem um padrão bem elevado.

Paramos para comer o tradicional pita giros um sanduíche de pão redondo com carne de porco, salada, molho de iogurte e batata frita… uma delícia!

Depois nos encontramos com os amigos do Sv Tartuga, perambulamos pela cidade, demos uma primeira explorada e voltamos para o barco.

Mas a ilha de Creta, a maior ilha da Grécia, tem muita história, segundo a mitologia, ela foi governada pelo Rei Minos, filho de Zeus e Europa. Sob suas ordens, na ilha, foi construído por Dédalo o labirinto do Minotauro, criatura que foi derrotada pelo herói Teseu. Na história real, há quase cinco mil anos, Creta foi o berço da Civilização Minoica, ou cretense, considerada a mais antiga da Europa. Depois dessa época próspera, Creta foi dominada por romanos, bizantinos, árabes, venezianos e turcos, até que, em 1913, passou a fazer oficialmente parte da Grécia.

É tão bom poder chegar, jogar a âncora em frente a cidade, pegar o dingue e atracar no pier e descobrir tudo o que há no lugar… uma sensação incrível de liberdade toma conta da gente!

Namastê 🙏🏻

10 de maio de 2023. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Agios Nikolaos, Grécia 🇬🇷

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Uma ancoragem super agradável, Grécia 🇬🇷

Um dia foi o suficiente para conhecermos a ilha de Chalki. Um lugar pequeno e turístico, com casas no estilo veneziano, pintadas em lindas e contrastantes cores.

Em somente uma rua em frente ao mar transitam carros compactos ou tipo tuk-tuk e as pessoas chegam até a ilha de ferry boat vindo de Rhodes, que fica bem próxima e provavelmente de outras ilhas do Dodecaneso (nome dado ao grupo de ilhas gregas por onde estamos navegando).

Após percorrermos a pequena rua em frente ao mar, exploramos o restante da vila caminhando morro a cima entre estreitas ruelas e muitas escadas por todos os lados.

As casas são bonitas e muito bem cuidadas com a intenção de encantar os turistas, jardins pequenos e floridos, não encontramos nenhum lixo nas ruas, a água do mar é transparente, há um pequeno museu contando a história local, duas igrejas gregas, antigos moinhos de vento no topo da encosta, ruínas de um castelo e algumas praias no entorno da ilha, que possivelmente ficam lotadas na temporada de verão.

As pessoas locais são super amigáveis e nos cumprimentavam ou respondiam alegres ao nosso cumprimento “kalimera” ou ” Yassas”.

Uma graça essa pequena ilha e sua vila, após a caminhada escolhemos um dos bares para tomar um drink na beira mar com os amigos do Sv Tartuga, e também seus amigos a Ana e o Duchan, que estão passando uns dias à bordo, e brindamos com um alegre “yhamas” que significa “saúde” ou şerefe ou cheers ou nasdrovia… não importa a língua, esse é sem dúvida um momento muito apreciado por todos!

A Bella está adorando sair para caminhar e descobrir diferentes cheiros gregos, quando nos preparamos para sair ela já fica na porta marcando território para que a gente não a deixe. A vida a bordo com ela é muito fácil, ela pesa somente 2,5 quilos e temos uma mochila para carregá-la por todos os lugares que vamos, que visitamos, até no transporte público, em onibus ou ferry boat, mercado, lojas, nunca tivemos problemas, ela é uma alegria em nossa vida e ótima marinheira!

Amanhã seguimos navegando rumo a Creta, a ilha mais ao sul da Grécia, estamos animados para chegar lá!

Namastê 🙏🏻

08 de maio de 2023. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Chalki, Grécia 🇬🇷.

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Ilha de Simi, pedacinho do paraíso, Grécia 🇬🇷

A ilha de Simi fica a menos de 30 milhas náuticas de Rhodes, onde estávamos, e também faz parte do grupo de ilhas Dodecaneso. Ancoramos na baía de Pedi, rodeada por uma pequena e tranquila vila com casas em estilo neoclássico.

No dia seguinte saímos para explorar o lugar, choveu um pouco mas logo o tempo abriu e resolvemos fazer uma longa caminhada.

Caminhamos em direção a vila no alto da montanha e depois descemos pelo outro lado e nos surpreendemos com a cidade de Simi.

Centenas de lindas casas em estilo neoclássico, pintadas em tons pastel e com telhado terracota.

A cidade é muito charmosa e tem um visual único capaz de atrair muitos turistas que chegam via ferry boat para passar o dia ou se hospedar nas inúmeras pousadas e hotéis.

O caminho de ida foi longo mas valeu todo o cansaço, pois a vista é encantadora e na volta achamos um caminho mais curto, mesmo assim chegamos exaustos no barco.

No dia seguinte fizemos uma trilha até uma das praias da ilha, bem linda e escondida pela montanha, a Bella curtiu muito correr na praia e tomar banho de sol. Em todo o caminho muito tomilho e orégano fresco, uma delícia!

Também fizemos uma outra trilha mais longa, no lado oposto da trilha anterior e chegamos até outra praia paradisíaca, com uma pequena ilha que abriga um antigo monastério.

Na volta conseguimos uma carona com uma balsa que estava levando e trazendo materiais para o restaurante da praia que ainda está fechado, mas que estão arrumando para abrir no verão. Foi muito divertido, aproveitamos muito estes dias.

Namastê 🙏🏻

07 de maio de 2023. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Simi, Grécia 🇬🇷

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Rhodes, Grécia 🇬🇷, uma das 7 maravilhas do mundo antigo!

É nossa terceira vez na Grécia, eu já estive aqui em Rhodes com minha irmã Edilsa no ano passado, viemos de ferry boat e agora estamos navegando rumo a Creta e esta foi nossa primeira parada.

A Ilha de Rodes tem mais de 2.400 anos de história e é conhecida também como Ilha do Sol. O apelido é uma homenagem à Hélio ou Apolo, deus do Sol, que seria o verdadeiro dono da ilha, e expõe a proximidade da região com a história e a mitologia.

Falando de Rhodes o que vem á mente é o histórico Colosso de Rhodes, com 30 metros de altura e cerca de 70 toneladas de peso, a estátua servia como porta de entrada à Ilha de Rhodes e também representava o deus sol Hélios e é uma das 7 maravilhas do mundo antigo.

Segundo alguns historiadores, as pernas do Colosso ligavam as margens do canal. Em uma das mãos do colosso, havia um farol que servia para iluminar as embarcações noturnas. Hoje não existe mais esta grande escultura e no lugar dela há dois cervos (símbolo de Rhodes) na entrada da baía.

A cidade medieval de Rhodes é Patrimonio Historico da Humanidade e é um burburinho de turistas que chegam de ferry boat vindos das outras ilhas gregas ou de Atenas e não faltam restaurantes, lojinhas de souvenirs e ruelas estreitas e lindas, onde só circulam pedestres, e preservam o passado e nos conduzem em sua história.

Há muitos monumentos espalhados pela cidade fortificada e bem preservados, como a rua com as hospedarias dos cavaleiros de St. John e o Palácio do Grão Mestre.

No entorno da cidade medieval se ergueu Mandrake, que é a parte moderna por onde andamos para fazer a papelada de entrada no país, passeamos pela cidade, pelos pontos turísticos e fomos ao mercado em busca de salame, presunto e carne de porco, o que há 1 ano e oito meses não comíamos pois não havia na Turquia, por ser um país muçulmano.

Ficamos na Marina de Rhodes nestes dois dias, bem próxima da cidade fortificada e tivemos que mudar nosso rumo de Creta para Simi, uma ilha cerca de 30 milhas mais ao norte, em decorrencia da chegada de fortes ventos, o temido Meltemi, em toda a extensão de Rhodes até Creta.

Assim ficaremos em Simi alguns dias até o vento acalmar e pudermos navegar com segurança até Creta.

Namastê 🙏🏻🇹🇷

04 de maio de 2023. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Rhodes, Grécia 🇬🇷

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