
Mesmo estando preparados é sempre um momento de tensão que se acentua quando o vento forte e a tempestade ocorrem durante a noite, pois perdemos a visibilidade do que está acontecendo no entorno. Quando ocorre durante o dia é possível acompanhar todos os movimentos e ver como estão se comportando as coisas que ficam no cockpit e no convés, como os cabos, defensas e equipamentos e parece que temos maior controle sobre o evento que está ocorrendo.
Pois bem, no dia 26 encaramos um vento, que passou dos 110 quilômetros por hora, nos movemos muito na ancoragem, de um lado para o outro, conforme as rajadas de vento que duraram muitas horas. O vento começou de tarde por volta das 5 horas e se manteve em torno de 30 knots constantes e rajadas de mais de 40, aumentando durante a noite e no dia seguinte tivemos rajadas de mais de 60 knots, diminuindo somente a tarde por volta das 2 horas.

Bem, o Renato virou a noite, ficando por um bom tempo lá fora no cockpit, acompanhando o movimento do nosso barco e dos outros barcos próximos, e na madrugada até o meio dia do dia seguinte foi uma loucura a força do vento que pegamos. Para ter uma ideia, a Escala Beaufort, que trata da força do vento, vai de 0 a 12 e o vento que tivemos foi de força 11, apenas 1 força a menos do que os ventos classificados como furacão.
Apesar de ter guardado tudo, ainda assim abriu a porta do armário e as roupas foram jogadas para fora, na geladeira cada movimento brusco da rajada dava para ouvir os produtos se movimentando, assim como nos outros armários com copos e louças… o cockpit ficou molhado com a água do mar que entrava quando as rajadas eram muito fortes e o barco adernava muito, permitindo que a água entrasse pelo costado.

O Renato ficou o tempo todo observando em alerta e o mar estava literalmente branco, com a espuma das ondas, com muito spray de água levantada pelo vento e viu também dois mini tornados descendo da montanha próxima e chegando no mar e levantando a água que subiu como um funil e sua força adernou os barcos e virou os botes, inclusive o nosso que ficou leve sem o motor, que havíamos subido para o cockpit.

Foi uma loucura, a Bella estava assustada com o barulho das rajadas e da água batendo no casco, foi realmente intenso e nestes 5 anos de Mediterrâneo, foi a primeira vez que pegamos uma situação assim. Depois durante a tarde ainda veio uma tempestade com granizo, o que foi bom para lavar o convés de toda a água salgada que havia entrado.
Eu já comentei sobre isso anteriormente, usamos aplicativos específicos de previsão de tempo, mas consultamos o guia Imray, Turkish Waters & Cyprus Pilot, versão impressa, edição de 2009 que temos no barco e acredite, novamente os alertas dos ventos mais fortes, como das outras duas situações que já passamos neste mês, estavam lá, previstas a mais de 14 anos. Isso é muito intrigante, com tantas mudanças de clima, relevo, aquecimento e tudo mais e ele continua sendo um ótimo balizador, isso é incrível.
Depois do vento e da tempestade, abriu o sol, o mar se acalmou e ninguém poderia dizer que nas 24 horas anteriores o bicho pegou por aqui. Agora só agradecer ao meu Capitão Renato, que é dedicado, incansável e que cuida da gente e da Pharea da melhor maneira possível e agora já podemos dizer: É… É verdade, já enfrentamos ventos de 60 knots! Namastê 🙏🏻🇹🇷
Bravo! Já tivemos situações semelhantes mas não duraram tanto como no vosso caso. Abraços! Luis e Iris.
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