Depois de 24 dias navegando, enfim chegamos no Mar do Caribe.

Navegamos 6.000 km durante nossa travessia do oceano Atlântico, tivemos uns poucos dias sem vento suficiente para manter as velas abertas, porém por quase 20 dias nos deslocamos só com a força do vento numa velocidade média de 12 km/h.

Que sensação maravilhosa estar em meio aquele oceano enorme e profundamente azul… sendo um pontinho levado com o vento! O silêncio da navegada era cortado pelo barulho contínuo das ondas batendo no casco do veleiro e pelo vento assobiando no estaiamento do barco. No caminho ouvimos algumas transmissões no rádio VHF, contatamos com dois navios que passaram a algumas milhas de distância e vimos alguns pássaros e outras aves migratórias gorgeando quando passavam pelo barco.

Nosso trabalho era cuidar da navegação e para isso nós nos revezamos na vigília de 3 em 3 horas e confesso que ao final já estávamos bem cansados, precisando dormir por um dia inteiro.
Depois que descemos das Canárias até próximo a altura de Cabo Verde, o Capitão liberou fazermos os turnos noturnos dentro do barco e não mais no cockpit, como foi na primeira semana. Assim acompanhávamos os dados de navegação pelo iPad e saíamos para checar o entorno lá fora a cada 30 minutos, ficou bem mais confortável.
Saímos com lua cheia e depois a medida que ela foi diminuindo o céu começou a ficar mais escuro e ao mesmo tempo claro com tantas e tantas estrelas e planetas que podíamos ver. Um céu inesquecível, como nunca havia visto antes!
Tivemos vários dias bem desconfortáveis devido ao swell, a ondulação fazia o barco subir, descer e balançar de um lado para outro. As vezes era difícil se segurar e sentávamos os três no chão do cockpit esperando acalmar. Felizmente não tivemos enjoo durante toda a travessia, o que foi ótimo!

Para nossa segurança usamos colete salva vida sempre. Um modelo mais justo que não incomoda os movimentos e nos mantém presos ao barco. Evitando qualquer incidente.
O ponto alto da travessia foi a emoção de navegar com as baleias. Elas passaram ao lado do barco, eram Baleias Fin, ou também chamadas de Baleias Comuns.

Elas podem medir até 29 metros e podem viver por até 90 anos. Foi emocionante vê-las passando tão pertinho, mas também deu um pouco de medo de que pudessem bater no barco.

Uma delas ficou por mais de 3 horas brincando envolta do barco, passando por baixo dele… foi um presente maravilhoso!
E de problemas, tivemos somente um, há 1.400 km antes da chegada, que nos impediu de continuar usando a vela da proa (genoa).

Estávamos velejando com a armação em asa de pombo e numa rajada de vento o barco girou e voltou para o rumo, porém neste movimento a rajada entrou por trás da vela com tal força que fez com que o pau de spi dobrasse ao meio. Era madrugada, ouvimos o barulho e o Renato saiu para checar o que havia acontecido e quando retirou o pau de spi dobrado e recolheu a genoa, sentiu que o cabo da genoa havia saído do enrolador… para colocá-lo novamente precisaríamos abrir o enrolador, que fica na proa do barco e com todo o balanço que tínhamos, ele ficou com receio de abrir e perder alguma peça e assim seguimos até a chegada somente com a vela mestra, o que diminuiu um pouco nossa velocidade média.

Pegamos um lindo e delicioso Dourado, mas nos dias seguintes começamos a passar por muitas algas, as vezes parecia um tapete amarelo no mar… era lindo de ver… só agora o Renato comentou que pode ser perigoso quando há uma grande quantidade, pois pode engatar no leme e danificar.

Com elas não pescamos mais, pois engatavam na isca e acabamos perdendo várias.
A Bella estava assustada com o barulho produzido pelas ondas, pelo vento e também pelo balanço do barco, tendo dificuldade às vezes de se equilibrar, porém a medida que o tempo foi passando, ela foi se acostumando e ficou bem!

Durante toda a viagem vários peixes voadores caiam no convés e pulavam se debatendo e a Bella latia sem parar avisando que havia algo lá fora.

Apesar dos dias com muito balanço que tivemos, consegui seguir o cardápio que havia estipulado para a travessia, deu até para fazer um bolo, torrar amêndoas e ao chegarmos ainda tínhamos frutas e vegetais frescos. Nosso provisionamento e armazenamento foram ótimos!

Uau… a travessia foi um desafio e tanto, olhando agora o percurso que fizemos, onde estivemos, lembrando de tantos dias entre céu e mar, emerge um grande sentimento de realização!

Naqueles 24 dias tivemos várias condições de tempo, ondas altas, sol, chuva, mais vento, menos vento, noites claras e escuras e nós também as vezes nos sentíamos mais dispostos ou mais cansados, ansiosos e outras vezes calmos, felizes e às vezes pensativos, as vezes com frio, as vezes com calor, as vezes secos e as vezes molhados… mas sempre motivados a alcançar nosso objetivo de concluir a travessia e chegarmos bem e agora que chegamos, lembrar da travessia é bem mais fácil do que ela realmente foi… porém é assim com várias outras coisas também, temos uma pré disposição em lembrar mais dos bons momentos em detrimento daqueles que não foram tão bons!

Ano novo 2024
Saída La Gomera, Ilhas Canárias em 25/12 e chegada em Carriacou, Grenada em 18/01/2024.
Namastê 🙏🏻
18 de janeiro de 2024. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Carriacou, Grenada 🇬🇩 Mar do Caribe.
Uauuuu!!! Parabéns pela travessia!!!!
👏👏👏👏👍🙏🙌⚓️⛵️⚓️⛵️⚓️⛵️
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Que relato emocionante, dá impressão de estarmos navegando juntos pela descrição em detalhes.
Parabéns pelo planejamento, organização, pela garra e ousadia em fazerem sozinhos esta longa travessia.
Parabéns!🥂🌊🌏⛵⚓🐾❤️❤️
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Parabéns! Que viagem fantástica!
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Que legal, aventura pura…emocionante relato caci. Deus abençoe e proteja vcs sempre. Por aqui estamos indo bem. Vamos caminhando nesta longa estrada da vida, que assim seja. Amém. Mta luz pra vc
s tres aventureiros.
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Renato e Caci, que alegria velos bem! Que relato espetacular!
Saudades de vocês meua amigos!
Grande Abraço
Até breve!
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Que aventura amigos !
Parabéns !
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