Nos preparamos para uma navegada de 20 horas, o Renato abasteceu e checou tudo no barco, eu acomodei tudo que poderia se mover durante o deslocamento, preparei nossa comida e voilá!
Levantamos âncora ao meio dia, previsão favorável com vento moderado, combinamos fazer turnos de 2 horas durante a tarde e depois turnos de 3 horas durante a noite… e é obvio que o Renato ficou com a maior parte durante a noite.
Meus turnos foram das 6 às 9 e da meia noite até às tres da manhã. Quando iniciei meu turno a meia noite, estava bem escuro e foi maravilhoso ver a água brilhando em função da bioluminescencia, a água movimentada pelo barco em seu deslocamento e as luzes de navegação fazem brilhar as algas na superfície do mar. Isso durou uma hora, depois a lua nasceu alaranjada e iluminou o mar, sem terra a vista só o reflexo da lua no mar, no radar somente um barco cruzou próximo ao nosso rumo. Comentei com o Renato como é incrível nos deslocarmos por tantas horas sem encontrar outros barcos…
Depois o Renato começou seu turno e o vento chegou, abriu as velas, desligou o motor e seguiu livre e veloz ao sabor do vento. Depois de um inverno inteiro sem velejar, foi como um presente para ele!
Eu e a Bella dormimos profundamente, sem barulho do motor, só o balanço compassado da Pharea seguindo seu rumo. As sete da manhã quando cheguei no cockpit pude ver no semblante do Renato a alegria de estar com as velas ao vento seguindo com a força do vento!
As 08 horas chegamos em Agios Nikolaos, Creta e não vimos nada que nos lembrasse das outras ilhas gregas que já passamos, parecia mais com os arredores de Atenas, prédios pequenos de cinco andares, nenhum padrão de identidade, como há nas ilhas Ciclades ou do Dodecaneso, parecia mais com uma cidade normal.
Depois da ancoragem em frente a cidade saímos para conhecer a cidade e seus pontos turístico.
O centro é bem agitado, muitos turistas e vimos um navio de cruzeiro que ancorou ao mesmo tempo que a gente, trazendo centenas de turistas.
A cidade tem um lago em seu interior com restaurantes no entorno, uma rua com calçadão com muita coisa bonita para ver e comprar, andamos pela marina e num primeiro momentos a achamos tão simples e logo nos demos conta que estávamos comparando com as marinas da Turquia, que tem um padrão bem elevado.
Paramos para comer o tradicional pita giros um sanduíche de pão redondo com carne de porco, salada, molho de iogurte e batata frita… uma delícia!
Depois nos encontramos com os amigos do Sv Tartuga, perambulamos pela cidade, demos uma primeira explorada e voltamos para o barco.
Mas a ilha de Creta, a maior ilha da Grécia, tem muita história, segundo a mitologia, ela foi governada pelo Rei Minos, filho de Zeus e Europa. Sob suas ordens, na ilha, foi construído por Dédalo o labirinto do Minotauro, criatura que foi derrotada pelo herói Teseu. Na história real, há quase cinco mil anos, Creta foi o berço da Civilização Minoica, ou cretense, considerada a mais antiga da Europa. Depois dessa época próspera, Creta foi dominada por romanos, bizantinos, árabes, venezianos e turcos, até que, em 1913, passou a fazer oficialmente parte da Grécia.
É tão bom poder chegar, jogar a âncora em frente a cidade, pegar o dingue e atracar no pier e descobrir tudo o que há no lugar… uma sensação incrível de liberdade toma conta da gente!
Namastê 🙏🏻
10 de maio de 2023. Morando a bordo do veleiro SV Pharea em Agios Nikolaos, Grécia 🇬🇷