Quem conhece o Renato sabe que ele é muito discreto e reservado em seus comentários e hoje ele nos surpreendeu, de forma marcante, quando escreveu este texto:
“Enfim, África! Após 49 horas de navegação, chegamos na Tunísia, país onde vamos passar este inverno. Nestas 49 horas, entre Siracusa e Monastir, fomos castigados por um mar duro, com ondas não altas, entre 1 e 1,5 metros, mas totalmente desencontradas e com um período muito curto, o que fazia com que o barco balançasse para todos os lados e fosse impossível “encaixar” o barco entre as ondas. A Expressão “estamos em uma máquina de lavar roupa “ se encaixa bem aqui! Parecia, que após um ano sem navegar (sim, um ano, pois chegamos na Itália para invernar em novembro de 2018, em maio de 2019 voltamos ao Brasil e só retornamos ao mar agora) o Mar Mediterrâneo queria nos testar…eu sei que estamos na época errada para esta travessia, mas parecia que o tal do Med queria testar à nos quatro, Eu, Caci, Bella e a Pharea. Queria ver se realmente éramos fortes o suficientes para aguentar essa vida à bordo que todos pensam ser glamourosa mas na realidade é bem dura muitas partes do tempo, principalmente em algumas travessias. Fortes para aguentarmos os turnos de solidão na madrugada fria. Fortes para aguentar os borrifos de água salgada, e gelada que invadiam o cockpit. Fortes e ao mesmo tempo sensíveis para deslumbrar e entender o significado do nascer e por do sol e da lua, que no mar são inesquecíveis e diferentes a cada dia. Pois bem, fomos e somos fortes. Mesmo após um ano de fatos marcantes e difíceis para nós, sem navegar, esses dias foram fantásticos! Cansativos, mas fantásticos. Poder voltar a navegar é uma sensação indiscritível, de liberdade plena! Claro que algumas vezes você se pergunta, “o que é que eu estou fazendo aqui?”. Mas agora que chegamos ao nosso destino, pelo menos por hora, pois quem mora à bordo nunca tem um destino definido, estamos felizes de ter voltado ao barco. Eu, particularmente, triste, pela perda da minha mãe, por não poder ter velejado com meu pai AINDA, como eram os planos iniciais, mas tenho certeza que isso logo a gente resolve. Mas, Estou também muito feliz em ver a evolução da Caci, como marinheira de verdade, fazendo os turnos noturnos e ficando brava comigo quando eu subia ao cockpit antes do turno dela acabar. Feliz com a Bella, que é uma companhia amável e carinhosa à bordo. Feliz com a Pharea, que após toda a surpresa negativa que nos causou com o problema do motor, se comportou bravamente em um Mediterrâneo que claramente nos testava. Feliz por meu pai que superou um período difícil e agora está bem. Enfim, vamos para mais um inverno. Agora na África!”
Eu que o acompanho nesta incrível jornada de viver a bordo, posso afirmar que ele é uma fortaleza. Determinado e dedicado a realizar nossos planos. Incansável fisicamente e em buscar conhecimento sobre os equipamentos e sobre o funcionamento de tudo na Pharea e posso afirmar que a cada dia ele avança, pois o barco, como bem definiu meu sogro, com sua visão de arquiteto: É uma casa viva! Que vive na água em movimento constante e ela responde a tudo isso e por isso requer manutenção contínua. E esta casa viva é nossa casa… que amamos e que nos possibilita conhecer tantos lugares nos proporcionando fortes emoções…
Estamos no terceiro ano de vida a bordo, e trazemos na bagagem as lembranças vividas na Croácia, Montenegro, Grécia, Itália e agora chegamos na Tunísia 🇹🇳 e só queremos que venham muitos anos mais, outros países e outras culturas, pois ainda há muito a conhecer 🌍. Namastê 🙏🏻
1250 dias, 22 de novembro de 2019, dia que chegamos no norte da África, Monastir.
Wow, legal meus queridos. Excelente texto, parabéns a todos por mais essa etapa, sigam e sejam felizes, vcs merecem.
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Queridos Caci e Renatinho! Que aventura! Feliz por vcs e pela Bella! Por esta experiência de vida maravilhosa a bordo da Pharea, aproveitando a vida na sua essência! Ser mais com menos é a fórmula para uma vida sustentável! Parabéns a vocês! Beijo carinhoso. Saudades.
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Lindo texto!!! 👏👏👏 Parabéns, sempre acompanhamos suas aventuras!!!
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Comandante Renato e Almiranta Caci, parabéns por mais este feito, o mediterrâneo teve que se dobrar bravura de vocês, como diz o ditado mar calmo não faz bons Marinheiros.
Renato o meu projeto de viver a bordo de um veleiro no Mediterrâneo a cada dia toma mais forma, acabo de vender meu veleiro no Brasil, e estou providenciando minha cidadania Portuguesa, e embarco em maio para Portugual, esta chegando a hora de comprar um Veleiro na Europa, mas confesso que estou muito confuso, a onde comprar e qual barco, sonho com um Bavária 40, como o Pharea (qual o ano de fabricação) , ou um jeanneau 39i. 2008, e tenho duvidas sobre os impostos que são diferentes para cada país.
Tive informação de que barcos mais novos são mais frágeis e ainda não tem sua durabilidade confirmada.
Desculpe o incomodo mais seus comentários são muitos importantes para minha decisão
Bons ventos
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