Saímos as 4 horas da madrugada de Astakós, pretendemos fazer duas pernas até Atenas. Passamos pela grande ponte estaiada de Patras e logo depois, das 14 às 18h enfrentamos ventos fortes com rajadas chegando aos 40 knots.
O Renato avançou um pouco do ponto onde havia planejado parar, pois estamos numa espécie de canal e a ancoragem seria do lado oposto e assim gastaríamos umas três horas a mais de navegação. Cansados de tanto vento, entramos num Porto com marina para pernoitar, pois não era abrigado ficar para o lado de fora do molhe. Atracamos e o Renato foi até o escritório da marina (24h) e voltou feliz em saber que a Marina é free. Ela não dispõe de água e energia no pier mas felizmente essa não era a nossa necessidade.
Buscávamos um lugar para uma boa noite de descanso. O Renato voltou do escritório e disse que viu vários barzinhos e restaurantes na beira da marina de Kaitos e lá fomos nós em busca da boa mesa Grega. Música ao vivo, comida gostosa e clima super agradável, dormimos como anjos kkk. Na manhã seguinte saímos às 9 horas, após o café e com muita expectativa rumamos para o Canal de Corintos.
Nos aproximamos do canal e já havia uma lancha parada esperando, o Renato acionou o canal via rádio e na sequência já nos dirigimos para a entrada, a lancha se foi e ficamos sozinhos no canal, muito show, paredões de rochas, água verde esmeralda, forte correnteza e a Pharea foi avançando pouco a pouco as três milhas náuticas do canal. Foi uma experiência incrível, uma travessia belíssima. O sonho dos gregos de construir esse canal começou muito tempo antes dele ser efetivamente feito, pois há indícios de que as primeiras ideias datem do século 7 Antes de Cristo. O primeiro a iniciar as obras foi o imperador Nero, no ano de 67 Depois de Cristo. Ele chegou a mandar 6000 escravos para o local, mas com a sua morte, o projeto parou. A construção efetiva do Canal de Corinto teve inicio somente em 1881, mas por conta de problemas financeiros e geológicos ele só foi finalizado em julho de 1893. Quando finalmente ficou pronto, pelo fato de ser muito estreito e ocorrerem muitos deslizamentos, o canal não atraiu muito os grandes navios de navegação internacional, por isso a maior parte dos barcos que passam por lá (cerca de 11 mil por ano) são de cruzeiro e turismo. Este canal liga o golfo de Corintos ao mar Egeu, tem 6 metros de profundidade e 21 metros de largura, facilita muito por cortar um caminho de 400 quilômetros em torno do Peloponeso.
Quando entramos vimos uma ponte que se abre para o canal e quando saímos a outra ponte estava submersa. Bem, na saída há um pier onde ancoramos para descer até o escritório e pagar a travessia, nada mais nada menos que 194,00 euros…, como dissemos, se falarmos em “dinheiros” não é caro, mas convertendo reais… fica caro.
Passamos no canal às 11 horas e rumamos para Atenas, já no mar Egeu. O dia estava lindo, ensolarado e com pouco vento, abrimos as velas mas não por muito tempo, depois navegamos só com a grande aberta.
Na proa vimos Athenas e antes muitos navios aguardando acesso ao Porto e muitos ferry boats e também os Dolfins, barcos velozes de passageiros que deslizam sobre a água e andam a mais de 30 knots. Athenas dispõe de transporte marítimo de passageiro para praticamente todas as ilhas e também entre ilhas.
De longe pareciam blocos de pedra clara, mas já era a grande Atenas, espalhada contornando boa parte da Costa que podíamos avistar. Passamos o Porto e rumamos para a Zea Marina, onde o Renato havia feito nossa reserva, localizada em Piraeus. Às 17 horas o Renato acionou a marina via rádio e ela nos passou as informações para entrada no pier para atracarmos. Finalmente em Atenas, o coração bate forte por estarmos aqui, eu, Renato e nossa Bellinha. Só tenho a agradecer, ao capitão que nos leva para tantos lugares e por esta jornada incrível que escolhemos! Namastê 🙏🏼
Dias 641 a 642. Morando a bordo, Canal Corintos, Grécia 🇬🇷. Dias 08 e 09 de setembro de 2018.