Dia 23 (sábado) levantamos ancora e rumamos para Kotor. Paramos para abastecer na Marina Porto Montenegro, na baía de Tivat e algumas milhas depois entramos no Golfo de Kotor.
Lugar onde o mar se encontra com as altas montanhas rochosas, formando um desenho único. A paisagem nos impressiona pela grandeza dos elevados penhascos de calcário. No caminho pequenas e muito antigas cidades, com duas ou três quadras subindo em direção as montanhas, que se estendem ao longo de toda a costa. Muitas igrejas com suas altas torres se destacam de longe.
Entramos e ancoramos em frente a cidade fortificada (42°25.385’N – 18°45.975’E), onde permanecem preservadas a velha cidade e sua fortaleza medieval, que por sua beleza excepcional foi declarada Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO.
Habitada desde a Roma Antiga, pertenceu também a República de Veneza, fato visto até hoje na arquitetura da cidade. A velha cidade medieval é aberta à visitação e recebe milhares de turistas do mundo todo.
No domingo (24), fizemos a caminhada até o alto da montanha, subiram conosco a Thaís e o Beto, do Sailingaw, subimos os mais de 1.350 degraus, encantados por poder presenciar algo do mundo antigo e desfrutar da belíssima vista da cidade de Kotor e da baía onde ancoramos a Pharea. O Renato estava alerta com a previsão de vento forte Noroeste, em função de uma frente que estava na área e o vento chegou no meio da tarde e continuou com rajadas de até 34 knots durante a noite. No cockpit o Renato sinalizou com a lanterna e soou a buzina para dois outros veleiros que garraram, felizmente nenhum incidente ocorreu. Pela manhã resolvemos mudar de ancoragem pois estávamos com outro veleiro ancorado muito próximo. O vento não deu trégua e o Comandante tentou três vezes nova ancoragem, mas no espaço disponível o fundo era coberto por um limo que não dava boa tensa e ele não se sentiu confortável para permanecer, assim levantamos ancora e rumamos em busca de um lugar abrigado de Noroeste. O Renato procurou e definiu por irmos para Risan, onde ancoramos em frente a cidade (42°30.811′ N – 18°41.592’E), de frente a uma grande montanha por onde vinha o Noroeste.
O vento continuou entrando mas a ancoragem estava perfeita, a Pharea fazia seu desenho comandada pelo vento, estávamos bem e seguros e ainda com o capitão alerta dia e noite no cockpit. O vento que entrou no domingo só parou na quarta então permanecemos por alguns dias em Risan, uma pequena e pacata cidadela, que soubemos, muito antiga. Data do século 4 AC, de lá para cá já passou por inúmeras mudanças e domínios e conserva um local de visitação com mosaicos, remanescentes dos tempos romamos, que foram prósperos chegando a ter uma população de mais de 10.000 habitantes, sendo que hoje são pouco mais de 2.000 habitantes. Praticamente não se vê vestígios das ocupações e de tantas batalhas que se deram aqui, invasões e guerras acabaram por destruir a história, que com certeza permanece na mente daqueles que vivem aqui. Nós que chegamos agora, estamos curtindo esta bela enseada, rodeada por altas montanhas e temos feito caminhadas e um dia destes fomos até uma cidade vizinha chamada Persat, que como vimos conserva ainda vários vestígios de sua história.
Este texto reproduzido da internet descreve bem o lugar “Parecendo um pedaço de Veneza que desceu do Adriático e se ancorou na baía, Perast (Пераст) cantarola com memórias melancólicas dos dias em que era rico e poderoso. Apesar de ter apenas uma rua principal, esta pequena cidade possui 16 igrejas e 17 antigos palácios grandiosos. Enquanto algumas são apenas enigmáticas ruínas brotando buganvílias e figos selvagens, outras são apanhadas no redemoinho de renovação que atingiu a cidade. A cidade desce da auto-estrada para uma estrada estreita à beira-mar (Obala Marka Martinovića) que percorre todo o seu comprimento. No seu coração está a Igreja de São Nicolau, situada numa pequena praça ladeada de tamareiras e os bustos de bronze de cidadãos famosos. Os marcos mais famosos de Perast não são em terra: duas ilhas peculiarmente pitorescas com histórias igualmente peculiares”.
A ilha de Sveti Djordje que contém o mosteiro de mesmo nome, data do século XII, e nela se encontra o cemitério da antiga nobreza de Perast. A Ilha é aberta à visitação, porém há um período que serve para descanso do clero católico, quando os turistas não são autorizados a acessar.
A outra Ilha, Gospa od Škrpjela (Nossa Senhora das Rochas), tem 3030 m², é artificial e foi formada a partir de rochas e restos de velhos barcos afundados. Existe uma tradição conhecida com o nome de Felsenwerfens, no dia 22 de Julho as pessoas atiram pedras ao mar para festejar a construção da ilha e supostamente fazendo com que sua superfície aumente pouco a pouco. A bela igreja de cupula azul, foi construída em 1632 para substituir a outra construída em 1452, a ilha e toda a baía de Kotor foram classificadas como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Desde que chegamos e temos andado pelas cidadelas, notamos que as pessoas cultivam árvores frutíferas nos quintais, quase que obrigatoriamente, nos deparamos sempre com pés de romã, oliveiras, parreirais de uva, pés de figo, pés de cereja, amoreiras e ainda uma quantidade gigante de pés de louro-cravo (usam até como cerca viva), um tempero muito usado em minha casa, que descendo de italianos da região da Dalmatia.
Este quadro se repete nos quintais, na beira de estradas e por todos os lugares, é impressionante… pena que ainda não é época de colheita das frutas, assim temos comprado nas feiras cerejas, damascos frescos, ameixas e outras frutinhas vermelhas comuns por aqui. Namastê 🙏🏼
Dias 563 a 571. Velejando e morando a bordo em Montenegro 🇲🇪. De 23/06 a 01 de julho de 2018.
Adorei a leitura, as fotos que ilustram o texto e fico feliz por ter a oportunidade de conhecer estes cantos encantados do mundo mostrado por vocês…
Um abraço
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